Coluna do Cravo – Por um jornalista meio católico, meio cínico, mas 100% intrigado


São Paulo, 27 de abril de 2025 — No último domingo, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Vicariato Episcopal de São Miguel, se tornou o cenário de uma visita histórica. O Papa Urbano I, em sua primeira viagem apostólica após assumir o pontificado, trouxe um sopro de renovação e espiritualidade, elevando o ânimo de uma multidão que lotou a igreja para celebrar o Domingo da Misericórdia.

O que poderia ter sido apenas mais um evento religioso, em uma paróquia qualquer, transformou-se em um marco. Sob os cuidados do Monsenhor Gilmar Costa e da comunidade paroquial, a missa foi celebrada com grande solenidade, e a presença do Santo Padre, que desfilou em seu papamóvel pela cidade, reforçou a grandiosidade do momento. O Papa, mais do que nunca, demonstrou estar em sintonia com os fiéis, presidindo a Eucaristia e deixando sua marca em cada gesto. Era impossível não perceber o vínculo genuíno entre o líder da Igreja e aqueles que o acolhiam com fervor.

Antes de seguir de volta a Roma, o Papa teve uma audiência reservada com o Arcebispo Rossi e o Monsenhor Gilmar, ocasião em que expressou sua gratidão pela recepção calorosa. Para o Papa Urbano, não havia dúvidas: a visita foi um sucesso, um reflexo da união da Igreja local e sua liderança espiritual. Uma verdadeira demonstração de que a fé pode, sim, construir pontes sólidas, não importa os obstáculos.

Porém, o que parecia ser uma visita puramente religiosa escondeu, nos bastidores, um verdadeiro jogo de poder e disputa. O sucesso do evento, orquestrado com competência pelos leigos da paróquia, foi uma bofetada na Cúria Romana, e, mais especificamente, nos cardeais Battista Rè e Carlo Rigali, que tentaram pintar um quadro de crise no Arcebispado no inicio do mês. As tentativas de desqualificar o Monsenhor Gilmar Costa chegaram ao ponto de sugerir uma punição ao pároco — uma sugestão que foi rejeitada pelo Arcebispo Rossi, que se manteve firme na defesa da dignidade e autonomia da paróquia.

Diante deste contexto, a visita papal assumiu uma dimensão ainda mais significativa. Para muitos, foi mais do que uma simples celebração religiosa: foi um manifesto de resistência, um lembrete claro de que o clero brasileiro não se dobra facilmente às intrigas de um pequeno grupo de poderosos. O Papa Urbano, ao contrário de se alinhar aos interesses da Cúria, demonstrou estar ao lado do povo e de sua liderança local, ignorando as manobras de quem tenta impor uma visão distorcida da realidade.

Ao olhar para os eventos dessa visita, é difícil não ver o sucesso como um reflexo de uma Igreja que, ao contrário de se fragmentar, se fortalece na sua base. O Monsenhor Gilmar e os paroquianos, juntos, desafiaram qualquer tentativa de desestabilização. E, quem sabe, essa visita foi o suficiente para mostrar a Roma que, enquanto houver fé, resistência e união, há muito mais a se celebrar do que qualquer intriga da cúria.
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