Coluna do Cravo – Por um jornalista meio católico, meio cínico, mas 100% intrigado


CRISE, MUDANÇAS E UMA NOVA CÚPULA: 
ARCEBISPO DE SÃO PAULO INSTITUI CÂMARA ARQUIEPISCOPAL EM MEIO A TURBULÊNCIA ECLESIAL

São Paulo, 10 de abril – Em um movimento ousado e inesperado, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Agnelo Rossi, instituiu na noite de ontem a Câmara Arquiepiscopal de São Paulo, um colegiado clerical destinado a assessorá-lo nas decisões pastorais e administrativas da maior arquidiocese do Habblet. A criação da instância ocorre em pleno epicentro de uma crise institucional sem precedentes, marcada por denúncias formais de usurpação de função e abuso de autoridade, além de pressões cada vez mais incisivas da Cúria Romana.

A reunião, realizada na Casa Paroquial da Igreja da Conceição, Zona Leste da capital, contou com a presença de padres previamente selecionados. No entanto, contrariando as expectativas dos que aguardavam um pronunciamento firme sobre a crise, pouco – ou quase nada – foi dito sobre o caos instaurado. Dom Agnelo, ao invés disso, focou seu discurso na formação permanente do clero, na necessidade de renovação pastoral e no enfraquecimento das relações entre os padres e os leigos.

“Estamos largos. O que tem depois do seminário? O abismo!”, disparou o cardeal, referindo-se à ausência de continuidade na formação sacerdotal.
Em outro momento, lamentou: “Perdemos o cheiro do povo. Isso tem um preço.”

A reunião, que deveria ser de reparação, assumiu o tom de reestruturação. O arcebispo anunciou que grandes mudanças estão por vir e deverão ser oficializadas hoje à noite, durante a Missa da Unidade, marcada para às 21h45 na Paróquia dos Navegantes.

Fontes próximas ao alto clero já adiantam algumas movimentações:

Padre Frei Marco Antônio deverá assumir o Vicariato Geral, substituindo Padre Gilmar Costa, figura desgastada pelas tensões internas.

Padre Kleber Renan Bedor, cuja atuação nos bastidores tem dividido opiniões e gerado desconforto entre o clero, será transferido para a Catedral Metropolitana, com a missão de “reativar” sua presença pastoral — embora muitos enxerguem a nomeação como um gesto de contenção ou isolamento.

A Câmara Arquiepiscopal, por sua vez, será composta pelos seguintes membros:

Padre Gregório Magnus – membro-presidente
Padre Gilmar Costa – membro nato
Padre Marco Rezende – membro nato
Frei João Sant’Anna – membro nato
Frei Emanoel Soares – membro nato
Dom Idalécio Maria – membro eleito
Frei Pietro Garnacho – membro eleito

A escolha da composição revela o desejo de Dom Agnelo em equilibrar diferentes forças e vozes da Arquidiocese — ainda que o clima seja de tensão e incerteza.

O silêncio da Nunciatura Apostólica diante das acusações que circulam em Roma segue incomodando diversos setores da Arquidiocese Brasileira. Internamente, há quem diga que a nomeação de Bedor para a Catedral foi “a forma mais elegante que o arcebispo encontrou para colocá-lo à vista dos cardeais”.

O que se espera agora é o tom da homilia do cardeal nesta noite, que poderá ser o divisor de águas entre a pacificação institucional ou o agravamento de uma crise que parece longe de terminar.

Sacerdócio, política e poder: ingredientes que continuam a mover os bastidores da Sé paulistana.
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