A Coluna do Cravo – Por um jornalista meio católico, meio cínico, mas 100% intrigado


ELE RENUNCIOU AO CARDINALATO E DECLAROU GUERRA: 
O ARCEBISPO QUE CANSOU DE PEDIR HUMILDADE E RESOLVEU ENSINAR NA MARRA.

Senhoras e senhores, preparem seus terços, abanem suas batinas e guardem as relíquias: Dom Agnelo Rossi surtou. O homem que todos julgavam um misto de lenda e holograma, sempre em viagem, reapareceu com mais energia que seminarista em retiro vocacional. E não veio pra brincar.

No sábado, o arcebispo presidiu a Missa de Posse do Pe. Óscar Scheid, recém-transferido para a Paróquia de Santo Antônio de Pádua, na zona sul. Um evento bonito, com pompa, incenso e as tradicionais cotoveladas paroquiais disputando quem seria a nova puxa-saco oficial do novo pároco.

Mas a calmaria durou pouco.

O clima realmente azedou no domingo, quando Dom Rossi inaugurou os trabalhos sinodais. O que era pra ser um retiro de escuta virou briga de salão. Teve padre chamando colega de “clericalista fuleiro”, outro acusando o sínodo de “esquerdismo de sacristia”, e até um frei que, em prantos, gritava: “isso não é mais a Igreja de Pedro!”. Só faltou alguém jogar a estola no chão.

Na terça-feira, como se nada estivesse em combustão, Rossi presidiu solenemente a ordenação do jovem Guilherme Calixto na Catedral Metropolitana. A cerimônia foi linda, sim, mas bastava olhar para a cara dos padres no presbitério pra sentir o cheiro de pólvora debaixo do véu do Espírito Santo.

Mas o grande terremoto veio nesta quinta-feira. Dom Agnelo anunciou que o Papa Urbano acatou seu pedido de renúncia ao título de cardeal. Isso mesmo: o arcebispo mais combativo da púrpura agora devolve o barrete e se recoloca entre os bispos. E assim, sem púrpura, sem anel, sem véu de majestade, o arcebispo desceu do trono e caiu direto no meio do povo. Só faltou jogar o barrete no chão e gritar “fora Roma!” — mas talvez tenha sido só questão de decoro.

A frase que soltou em tom calmo foi uma bomba de reverberação continental:

"Eu vivo pedindo para os meus bispos serem humildes e renunciarem. Está na hora de dar o exemplo."

Vale lembrar que Dom Rossi era o enfant terrible do Colégio Cardinalício, sempre metendo o dedo onde não devia (mas devia!), fazendo oposição à estrutura vaticana e criticando o poder clerical como quem reclama de missa longa com razão. Alguns já dizem que Rossi quer reinventar o episcopado como instância pastoral, e não de poder. Outros, mais céticos, acham que vem rebuliço maior por aí.

A segunda fase das sessões sinodais, marcada para os dias 24 a 29 de maio, promete ser o palco definitivo. Com o arcebispo agora “despido” da púrpura e livre das amarras protocolares, o fogo promete vir mais forte, mais direto — e sem freio.

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